Posts Tagged ‘foto natureza



05
Abr
10

Fotografia de natureza (pt II)

In photography’s early years, photographs were expected to be idealized images. This is still the aim of most amateur photographers, for whom a beautiful photograph is a photograph of something beautiful, like a woman, a sunset. In 1915 Edward Steichen photographed a milk bottle on a tenement fire escape, an early example of a quite different idea of the beautiful photograph. And since the 1920’s, ambitious professionals, those whose work gets into museums, have steadily drifted away from lyrical subjects, conscientiously exploring plain, tawdry, or even vapid material. In more recent decades, photography has succeeded in somewhat revising, for everybody, the definitions of what is beautiful and ugly – along the lines that Whitman had proposed. If (in Whitman’s words) “each precise object or condition or combination or process exhibits a beauty” it becomes superficial to single out some things as beautiful and others as not.(…)
To photograph is to confer importance. There is probably no subject that cannot be beautified; moreover, there is no way to suppress the tendency inherent in all photographs to accord value to their subjects.

Susan Sontag, On Photography (© Penguin Classics 1977)

Back when i started out, if you were a concerned nature photographer, it meant you celebrated the beauty of the wilderness. That’s fine, it’s meritorious – but it misses a huge point. Robert Adams was a big inspiration; he helped me realize that the intersection of humans and nature is a very nuanced and complex place. So that’s been my focus.

James Balog entrevistado por Fred Ritchin na Aperture 198 (© Aperture 2010)

Após a publicação do meu texto anterior ‘natureza, a influência contemporânea hoje‘ as reacções não se fizeram esperar sendo de facto a mais surpreendente para mim a do Daniel Carrapa no seu blogue ‘a barriga de um arquitecto’. Surpreendente pelo facto de ter sido inesperada, apenas só isso. Agradeço ao Daniel o seu ponto de vista e a forma eloquente como o expressou.

As citações que iniciam o texto são talvez (e a segunda é tão recente que apenas me chegou às mãos depois da escrita do artigo anterior) uma expressão concreta do meu ponto de vista e que apenas exprime o desejo – simples na sua organização mental mas de difícil materialização – de ver uma ‘nova’ visão fotográfica da natureza, focada em questionar os pontos de contacto entre natureza e humanos, subtis ou não, remotos ou próximos no espaço e no tempo. Talvez estas citações exprimam de forma mais ‘correcta’ (se é que se pode classificar um ponto de vista subjectivo como correcto) a minha tentativa de questionar a fotografia de natureza e a forma como a percepcionamos à luz da actualidade.
Mas cada acto de criação fotográfica está à partida ‘contaminado’ pelo próprio fotógrafo, pelos seus próprios valores éticos, pela sua noção de valor estético mas sobretudo pela influências (mais ou menos declaradas) que sofreu e que sofre o seu trabalho. Nenhum trabalho nem nenhum fotógrafo é estanque e o resultado do seu trabalho é tão perméavel a influências externas – muitas vezes inconscientes mas que de qulaquer forma estão lá – como qualquer acto da sua vida. Assim o resultado final é apenas tão inovador ou conservador quanto os valores que o fotógrafo deseja incutir no seu próprio trabalho e é o resultado de inúmeras opções, decisões e influências e sobretudo da capacidade de o fotógrafo assumir o risco de quebrar alguns padrões.

O belo, a paisagem grandiosa, o esteticamente belo fazem parte do legado da fotografia de natureza e é o padrão pelo qual muita da produção actual desse tipo de fotografia é medido; nada há a opôr à produção nesses moldes. Aliás há grande fotografia a ser produzida segundo esses mesmos moldes. Mas talvez a questão aqui seja o confronto entre uma visão contemplativa e uma visão questionadora, uma e outra são diametralmente opostas nas suas construções e objectivos.
A primeira propõe-se a construír uma visão esteticamente apelativa – com toda a subjectividade que o conceito estético traz atrás – ou idílica como o Daniel lhe chama, mas que ao mesmo tempo retira do campo de acção as intervenções de carácter humano (permanentes ou não). Ou seja cria um apelo à conservação pela estética sem no entanto questionar as razões pelas quais cria esse apelo. A segunda questiona a intervenção nos espaços naturais, a maneira mais ou menos subtil como tal é feito e a forma como percepcionamos essas intervenções como algo natural ou não. A diferença fundamental não será certamente e exclusivamente estética – a forma como o fotógrafo cria as suas obras visuais – mas sim na forma como cria interrogações e nos questiona sobre o que é hoje a natureza. Uma emociona a outra incomoda.

© Edward Burtynsky

© Chris Jordan

Sobretudo porque hoje a nossa capacidade de intervenção na natureza é extraordinariamente mais forte do que à décadas atrás mas também porque a forma como intervimos tem efeitos mais destrutivos mas especialmente porque enfrentamos uma época em que olhar para a beleza por si só já não basta, são necessárias acções a nível da criação fotográfica mais interventivas e pró-activas de forma a lidar com a realidade dos nossos tempos. Aliás são hoje mais necessárias do que nunca, mais do que a a beleza do discurso é necessária a força do documento, a brutal chamada à realidade de um discurso agreste que nos atire à cara a consequência dos nossos actos. E isso nem sempre é fácil nem bonito de se ver.

29
Mar
10

Natureza, a influência contemporânea hoje

O que é a fotografia de natureza hoje? Foi essa pergunta que aqui fiz há uns dias atrás e que recebeu duas respostas que na minha opinião são o sinónimo do desafio que enfrenta hoje a fotografia de natureza.
A do Zé Maria reflete um olhar mais tradicional sobre a maneira como a fotografia deve retratar a natureza: as paisagens belas, intocadas (apesar de milhares de pessoas lá passarem por ano…), com uma luz dourada, sem marcas da presença do homem. O diogo prefere perguntar onde está o olhar contemporâneo sobre a natureza.

O problema é que estas duas visões são antagónicas: uma pretende mostrar uma natureza segundo padrões que, infelizmente, já não se aplicam ao estado actual, o outro pretende actualizar o olhar fotográfico sobre o tema e fazer uma reflexão actual sobre o seu estado. É assim que entendo as vossas respostas, posso estar enganado e estou preparado para que mo demonstrem.

Tenho como certo que hoje os fotógrafos de natureza não podem nem devem escapar ao estado actual da mesma e que o seu registo deve ser orientado para a relação homem/território/natureza. Isso implica um novo olhar e uma nova reflexão sobre a fotografia de natureza, rompendo estereótipos e métodos tradicionais de olhar para o tema; acho que era isto a que o diogo se referia. Por outro lado o Zé Maria prefere uma fotografia de natureza onírica que nos faz querer estar naquele local, ir de visita lá e/ou largar tudo e viver num lugar ainda intocado pela mão humana, sem estradas nem ruas apinhadas de trânsito; eu percebo bem este ponto de vista. No entanto reconheço que esse mesmo ponto de vista, apesar de tentar através de imagens que as pessoas se ‘apaixonem’ pelos locais envolvendo-se depois na sua defesa, ignora o estado actual da natureza e o facto de que talvez as pessoas precisem mais de ver alguma da devastação causada pelas suas acções do que santuários da natureza já completamente devassados pela humanização – veja-se o caso do Gêres – ignorada depois pela objectiva ‘selectiva’ do fotógrafo.

Não sei o que se passa convosco mas frequentemente sou confrontado em locais recomendados, por alguns bons fotógrafos de natureza, com lixeiras, entulho por todo o lado, canos de esgoto e campos mais ou menos agrícolas encharcados de pesticidas e fertilizantes; e sim acontece-me com frequência mesmo em zonas de protecção natural, rede natura ou parques naturais.
Agora a questão fundamental: pode um fotógrafo da natureza ignorar este facto? Podem os fotógrafos de natureza continuar a fotografar como se isto não estivesse a acontecer no terreno onde estão? Não me entedam mal, os fotógrafos de natureza podem e devem mostrar esse lado deslumbrante da natureza selvagem mas não deveria estar a nascer também uma nova geração de fotógrafos mais preocupados em documentar e assinalar no terreno tudo o que não queremos ver e que arrumamos desleixadamente no ‘quintal das traseiras’ e onde esperamos que ninguém vá espreitar? E se o vizinho for espreitar, ele que ignore o lixo e que esteja atento aos canteiros de flores que lá nasceram espontaneamente…

Entendo que há lugar para ambos os estilos mas preferia que a fotografia de natureza se actualizasse de forma a documentar o estado das paisagens na actualidade, modernizando ao mesmo tempo o seu discurso. Mas isso sou eu quanto a vós não sei…

25
Mar
10

Natureza

O que é hoje a fotografia de natureza? O que deverá ser o foco da fotografia de natureza contemporânea?…

28
Out
09

Vencedores do concurso Veolia.

1
Foi anunciado o vencedor do concurso Veolia – uma colaboração entre a BBC Wildlife magazine e o Natural History Museum e patrocinado pela empresa Veolia – e o grande prémio foi atribuído a esta fotografia da autoria de um espanhol.
É uma fotografia espantosa e que é uma poderosa homenagem aos lobos, tecnicamente perfeita esta fotografia foi feita com uma câmara médio formato Hasselblad, captada em filme e accionada através de uma ‘armadilha’ de infravermelhos. Foi planeada durante largo tempo, com recurso a desenhos e esquemas e demonstra a criatividade e competência do fotógrafo.
Na galeria online do museu é possível ver todos os premiados deste concurso.

(Obrigado ao José Carlos Duarte pelo link)

08
Out
09

Kevin Erskine.

KE1© Kevin Erskin

Um fotógrafo de natureza com um tema muito particular: as tempestades. É um tema muito caro aos norte-americanos, todos os anos os EUA são assolados por várias tempestades e furacões de várias intensidades, é precisamente esta realidade que Kevin Erskine retrata nas suas ‘perseguições’ de tempestades, outra actividade também muito cara aos norte-americanos.
Kevin Erskine mostra também os resultados, o pós-tempestade se quiserem, depois de um tornado passar por vilas e cidades que estavam no seu caminho. É este lado desolador que necessita, na minha opinião, de ser mais desenvolvida, de ter mais visibilidade, de ter mais fotografias e de ter mais relevo. Não basta mostar só a força da natureza, hoje é preciso ir mais longe e mostrar o impacto dessas forças nas vidas das populações.
No geral é trabalho documental interessante e que demonstra bem qual a capacidade de destruição e de força da natureza.

KE2© Kevin Erskin

29
Set
09

Estuário do Rio Douro por João Nunes da Silva.

O fotógrafo João Nunes da Silva, que já foi entrevistado neste blogue, tem agora um novo ‘jornal’ sobre o estuário do Rio Douro, agora transformado em reserva local pela Câmara Municipal de Gaia e gerida pelo Parque Biológico de Gaia. Será por certo um projecto de fotografia de natureza a acompanhar nos próximos meses em que o João irá realizar várias incursões nesta nova reserva, como o próprio afirma.

Acho importantes estes projectos que se focam em determinadas áreas naturais dando assim novas perspectivas sobre as mesmas e ajudando ao mesmo tempo a sua preservação e conservação. Mas vindo do João Nunes, um dos membros fundadores da Quercus (associação na qual me inscrevi recentemente), isso não é de espantar.

29
Jun
09

in every kind of light.

Imagem 1
A minha galeria foi alvo de uma alteração radical em termos de design: logotipo, cores e imagem corporativa. A principal alteração é de facto o logotipo e o slogan, o logo é inspirado nas marcas de autofoco das máquinas que uso e o slogan ‘in every kind of light’ foi algo que me surgiu naturalmente e parece quase saído de uma anúncio dos anos 80 de uma qualquer marca de máquinas e/ou filme. Isto é o design mas o resto também foi alterado, novas imagens e restruturação dos projectos de maneira que fiquem mais coerentes foi outra das minhas preocupações. Na visita reparam que os projectos não estão pejados de fotografias, apesar do limite no Qufoto ser quase o céu, mas a intenção não é encher o espaço é apenas de dar a conhecer o meu melhor trabalho e isso significa uma selecção apertada do que é publicado. Para tudo o resto existe o fotoblogue.

Ao contrário do design anterior este foi efectuado por um designer – neste caso o José Rui Fernandes da DuoDesign – que tomou o caso em mãos e fez o logo a partir do slogan, alterou cores, apresentou a fonte para escolha e alterou os poemas.

Sei que este novo design está cuidado e que será do vosso agrado.




mário venda nova

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larry king

trabalhos pessoais


mariovendanova.com
[este é o meu sítio pessoal onde estão os meus projectos já consolidados e acabados]

in every kind of light
[aqui estão os rascunhos dos meus projectos correntes e inacabados]

publicação de fotos

todas as fotografias pertencem aos respectivos autores assinalados e são publicadas apenas no estrito interesse do comentário e crítica sobre fotografia.

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